sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

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Desenho animado  

   Quando começou o desenho animado? Ninguém sabe ao certo. Talvez há uns 30 mil anos, com um artista desconhecido que dese­nhou um javali, numa caverna. Para dar a sen­sação de que o animal estava correndo, ele o desenhou com oito patas.
Ou terão sido os egípcios os primeiros ani­madores? Um mural decorado de aproximada­mente 2 mil anos a. C. mostra dois lutadores, que se agarram em sucessivas posições, durante um combate.
As tentativas para transmitir a sensação de movimento são encontradas nas culturas de muitos povos. Mas só o filme tornou possível o movimento real das figuras desenhadas.
O americano J. Stuart Blackton foi Um dos primeiros no género. Em 1906, ele apresentou um curta metragem intitulado Fases Humorís­ticas de Caras Engraçadas. Os rostos, desenha­dos num quadro-negro, mudavam de expres­são. Outro animador surgido na mesma épo­ca, o francês Emile Cohl, produziu Fantasma-gorie, um filme de dois minutos.
O americano Winsor McCay realizou um de­senho animado em 1908, com seu personagem de histórias em quadrinhos, O Pequeno Nemo. Mais tarde, apresentou um espetáculo de teatro com cinema: Gertie, o Dinossauro Domes­ticado. McCay fingia dar ordens do palco e, na tela, Gertie "obedecia". O espetáculo cau­sou sensação.
O público estava encantado com os desenhos animados. Para satisfazer essa fascinação, sur­giu uma nova indústria em Nova York. A prin­cípio, os cartunistas desenhavam as figuras e os cenários para cada uma das milhares de ce­nas que compunham um curta metragem ani­mado. Então os americanos J. R. Bray e Earl Hurd desenvolveram um sistema que consistia em desenhar os personagens em fitas de celulóide e fotografá-los sobre um único cenário.
Em 1923, um americano chamado Walt Dis­ney chegou a Hollywood. Fundou um estúdio, com seu irmão Roy, e começou a produzir uma série intitulada Alice na Terra do Desenho Ani­mado. Alice era uma menina de verdade, que tinha aventuras com personagens desenhados. A série teve sucesso e Disney começou outra, em que o herói era Osvaldo, o coelho.
Em 1928, Disney produziu o primeiro dese­nho sonoro, com um novo personagem, o ca­mundongo Mickey. Esse acontecimento mar­cou o advento de uma nova era.
Em   trinta  anos, o desenho animado progrediu muito. De desenhos relativamente pri­mitivos, chegou a produções muito sofistica­das, como Branca de Neve e os Sete Anões, Pi-nóquio e Fantasia.
Desenvolveu-se ate tornar-se uma arte.
Ub Iwerks fazia os esboços das artes; Dis­ney e o músico Cari Stallings regulavam o fundo musical e, depois, escreviam os diálo­gos nos rodapés  dos esboços.
Quando o trabalho ficou mais complicado, a maioria da equipe começou a participar das reuniões para a criação de histórias.
Tais encontros eram realizados à noite, na casa de Disney. Ela tremia com as gargalha­das dos desenhistas, empolgados com as pró­prias piadas com que enriqueciam as histórias do camundungo Mickey.
Disney sempre fez questão de manter esse espírito de equipe, que tem sido um dos gran­des motivos do sucesso de seus estúdios.
O DESENHO ANIMADO SE INDUSTRIALIZA
A história da indústria de desenhos anima­dos é tão recente que ainda hoje podemos en­contrar alguns pioneiros em atividade. E eles nos falam da época em que tudo começou, em Nova York.
Dick Huemer é um desses pioneiros. Em 1916, começou a trabalhar para Raoul Barre, desenhando Mutt e Jeff.
— Em geral, havia três desenhistas para cada história — relembra Dick. — Um de nós di­zia, por exemplo: "Vamos fazer uma história sobre o Havaí". Muito bem! Então cada desenhista faria um terço do filme. Algumas se­manas depois a gente se reunia. E nunca nos preocupávamos com enredos. Os desenhos ani­mados eram somente uma série de piadas co­locadas numa sucessão.
Tudo era possível no mundo da animação, mas os produtores descobriram isso pouco a pouco. Albert Hurter animou uma cena em que Mutt se apoiava numa cerca, sobre um preci­pício escarpado. Quando a cena foi fotogra­fada, o operador se esqueceu de incluir o celu-lóide em que a cerca estava desenhada. O fil­me ficou pronto e só então descobriram que, naquela cena, Mutt ficava apoiado em pleno ar. A ideia pareceu tão genial que, daquele dia em diante, a lei da gravidade foi praticamente abolida em todos os estúdios de desenho ani­mado. Os personagens andavam no ar, sobre a água, nos tetos, de cabeça para baixo, sobre as nuvens e nas paredes dos arranha-céus.
Nos primeiros tempos dos Estúdios Disney, a criação da história era muito elementar. Walt Disney e Ub Iwerks inventavam as histórias, baseando-se nas piadas colecionadas por Roy Disney.
O estúdio cresceu e o método de criação das histórias também se aperfeiçoou. Walt e seus roteiristas elaboravam as linhas gerais da his­tória. Depois, o estúdio todo era convidado pa­ra contribuir com sugestões. Quem desse uma ideia capaz de provocar uma gargalhada (ou um sorriso) era recompensado com pagamen­tos que iam de 2 a 25 dólares.
SURGE O STORYBOARD No começo dos anos 30, os Estúdios Disney fervilhavam de criatividade. Mas havia neces­sidade de melhorar a apresentação das histó­rias. Isso foi resolvido por meio do storyboard, um painel desenvolvido quase por acaso.
— Costumávamos sentar-nos, pela manhã, e pensar em historietas engraçadas. — recor­dou Walt Disney, alguns anos depois. — Plu-to estava seguindo uma lagarta, por exemplo. Então inventávamos cenas em que ele subia e descia morros, talvez com a lagarta no nariz ou no rabo. Depois do almoço, eu voltava pa­ra o escritório e os desenhistas me mostravam uma sequência esboçada em tiras de papel. As tiras ficavam espalhadas pela sala, sobre as me­sas, no chão, em toda parte. Era muito traba­lhoso acompanhar a sequência. Por isso, de­cidimos prender os esboços na parede, em or­dem. E assim surgiu o primeiro storyboard ou painel de história.
Hoje, o painel de história é usado em qual­quer estúdio de animação. Simples e básico, ele conta a história exatamente como o olho da câ­mara vai vê-la. Além disso, é flexível e possi­bilita a introdução de mudanças. Para tanto, basta desprender ai uns desenhos e substituí-los por outros. O painel mostra ritmo, movimento e dramatização.
Um painel é composto, geralmente, por 60 desenhos. Não se trata de um trabalho elabo­rado. Os desenhos, apenas esboçados em pre­to e branco, têm que ser "lidos" com facilida­de. Um curta metragem pode ser contado em três painéis, e um longa metragem, em 25 ou mais.
COMEÇA O DESENHO ANIMADO DE LONGA METRAGEM
O camundongo Mickey tornara-se uma ce­lebridade mundial mas não era pago como um astro. Os empresários pagavam muito pouco pelos desenhos de curta metragem, que eram considerados apenas como complementos de programa. Por isso, Disney pensou em fazer desenhos de longa metragem, que se transfor­massem no principal filme dos programas de cinema.
Ninguém sabe quando os Estúdios Disney começaram a se preparar para os desenhos de longa metragem. Um dos passos fundamentais foi dado em 1931, quando Disney criou o De­partamento de Histórias, dando maior impor­tância aos roteiristas.
Branca de Neve e as Sete Anões* o primeiro desenho de longa metragem da história, co­meçou a ser planejado em 1934. Disney havia-se encantado a vida inteira com essa história.
— As figuras dos anões me intrigavam — confessou ele» — E eu achei que o enredo era bom.
 O futuro provaria que a escolha de Disney tinha sido acertadíssima* O enredo de Branca de Neve foi um dos pontos altos do filme.
Qual o melhor enredo para um desenho ani­mado de longa metragem? Disney sempre achou que o enredo deveria ser simples.
— Uma história simples, com personagens que as plateias possam amar.
Essa foi sempre a receita de Disney para o sucesso. No caso de Branca de Neve ele tinha certeza de que os sete anões iriam conquistar os espectadores, desde que recebessem um tra­tamento cinematográfico baseado principal­mente em situações humorísticas.
Disney precisava criar entusiasmo pelo projeto que se desenvolvia no estúdio. Mas havia uma dúvida: conseguiriam as plateias assistir a oitenta minutos de desenho animado? Nin­guém sabia. O pessoal do estúdio estava acos­tumado a juntar várias histórias, com uma grande quantidade de piadas ou situações en­graçadas. Um desenho de longa metragem, no entanto, exigia novas técnicas.
Milhares de ideias sobre Branca de Neve fo­ram apresentadas em reuniões, num período de três anos. Realizaram-se várias tentativas. Ideias que pareciam brilhantes tiveram que ser abandonadas. Mas, pouco a pouco, surgiram as cenas. E em 1937 o mundo aclamou Bran­ca de Neve e os Sete Anões, que deu um lucro maior do que qualquer outro filme realizado até então.. Branca de Neve tinha um enredo simples. A história básica era a de uma heroí­na ameaçada pela madrasta e salva finalmen­te pelo herói. Os anões que acolhiam a meni­na, bem como os animais da floresta, não ofe­reciam problema. Seriam inspirados em perso­nagens de desenhos realizados muitos anos an­tes. Havia maior dificuldade em animar o prín­cipe e, por isso, o seu papel foi reduzido ao mí­nimo. Ele aparecia no começo e no fim. A ideia de fazê-lo dançar com Branca de Neve duran­te um sonho teve que ser abandonada.
Pinóquio, ao contrário, tinha material de­mais. Na história original de Collodi há um grande número de aventuras. Os roteiristas ti­veram que condensar a história para conseguir um enredo mais simples, sem, no entanto, des­virtuar o espírito da obra.
Houve algumas mudanças em relação aos personagens. No livro, o boneco esmaga o grilo com seus pés de madeira e depois sai pelo mun­do como um perfeito delinquente. Isso não tor­naria o herói simpático. Por isso, Pinóquio foi transformado num menino de boas intenções, desencaminhado por vigaristas. O grilo conti­nuou a viver, como consciência de Pinóquioe como narrador da história.
Bambi foi uma história diferente de todas as que Disney já havia produzido. Tinha um enredo sério, com poucas oportunidades para piadas. A seriedade ficou aliviada com a atua-ção de Tambor, o coelhinho, e Flor, o gambá.
Cinderela é outro exemplo de enredo sim­ples. As situações básicas já existiam na histó­ria original, mas faltava algo mais. Os ratinhos resolveram o problema. Eles eram engraçados e tinham sua própria história, na luta contra o gato. Além disso, tornavam a personalidade de Cinderela mais humana, pois sentiam pie­dade por ela.
A CRIAÇÃO DOS PERSONAGENS DE DESENHO ANIMADO
— Até que uma figura adquira personalida­de, não deve ser aceita — dizia Disney. Sem personalidade, ela pode fazer coisas interes­santes; mas se as pessoas não se identifica­rem com ela, suas ações parecerão irreais. E uma história baseada em personagens as­sim não pode comover a plateia.
Os antecessores de Disney no campo dos de­senhos animados davam pouca importância à personalidade. Nos primeiros tempos, o que importava era que as figuras se movessem e fi­zessem, coisas fantásticas.
Entre os primeiros personagens, existiam al­guns favoritos. O Gato Felix, inteligente cria­ção do americano Pat Sullivan, tinha um jeito especial de andar para a frente e para trás, en­quanto pensava em seu movimento seguinte. Mas o resto de seu repertório era formado de piadas.
Muitos dos personagens dos primeiros de­senhos vieram das histórias em quadrinhos dos jornais. Os leitores podiam reconhecer Jeff, o homenzinho sincero, e Mutt, o compridão, que normalmente metia o amigo em alguma trapa­lhada. Porém, os personagens das histórias em quadrinhos sempre apareciam um pouco mo­dificados na transposição para as telas.
                                                                                                           
A animação de personagens humanos não era bastante perfeita. As plateias poderiam aceitar animais estilizados saltando de um la­do para outro, mas se chocavam quando seres humanos faziam movimentos irreais.
MICKEY, O PRIMEIRO A FALAR
Durante as duas primeiras décadas do dese­nho animado, os criadores tiveram contra eles a desvantagem de os filmes serem mudos. A voz representa um dos fatores importantes para formar a personalidade de um tipo, no dese­nho animado.
O primeiro personagem a possuir voz foi o camundongo Mickey. E sua voz era a do pró­prio Walt Disney!
—  Mickey foi o começo — disse uma vez Disney. — Graças a ele, nós transformamos a
animação numa verdadeira arte. Mas, no co­meço nós tínhamos que ser simples. Precisá­vamos completar 200 metros de filme de duas em duas semanas, e não podíamos criar um personagem difícil de desenhar. A cabeça de Mickey era um círculo, com outro círculo fa­zendo as vezes de focinho. As orelhas também eram círculos, a fim de que pudéssemos dese­nhar sempre do mesmo modo, não importa para que lado ela estivesse virada.
O corpo de Mickey tinha o formato de uma pêra, com uma longa cauda. Suas pernas se pa­reciam com tubos e os desenhistas as "planta­ram" em sapatos enormes, para que o perso­nagem se parecesse com uma criança usando os sapatos do pai.
—  Não lhe demos mãos de rato — esclare­ceu Disney — porque desejávamos que ele transmitisse uma impressão mais humana. Porisso arranjamos para ele umas luvas. Mas cin­co dedos nos pareceram muitos para aquela fi­gurinha e nós tiramos um. Além disso, haveria um dedo a menos para ser movimentado,o que era uma vantagem. A fim de acrescentar um detalhe, nós lhe demos um par de cal­ças, com dois botões. Não havia pêlos nem ou­tros detalhes que pudessem atrapalhar a mo­vimentação. O público se apaixonou logo por Mickey. Na época, ele foi elogiado até pela Ligadas Nações (a antecessora da ONU, Organiza­ção das Nações Unidas), e teve seu lugar no Museu de Cera de Madame Tussaud, destina­do a grandes personalidades históricas.
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