sábado, 7 de dezembro de 2013

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Música
 A música tem acompanhado o homem desde a pré-história, tornando-se um elemento característico do ser humano. É impossível pensar no mundo atual sem a música. Além das bandas musicais que enlouquecem milhões de fãs no mundo todo, a música ainda está presente nos toques de celulares, comerciais de TV, nos sons que saem do computador, etc. Além disso, se não fosse a música, você ficaria entediado, pois não poderia cantarolar quando não tem nada pra fazer ou quando está debaixo do chuveiro. 
Falando de forma clara, a música é a sucessão de sons e silêncio organizada ao longo do tempo. Como já foi dito, a música tem várias funções. A função artística é considerada por muitos sua principal função, porém existem outras como a militar, educacional ou terapêutica (musicoterapia) e religiosa.

Em qualquer lugar que você ler sobre música, irá encontrar a mesma definição: "a música é dividida em três elementos: melodia, harmonia e ritmo”. Mas o que é isso?

Melodia é a organização simples de uma série de sons musicais, constituindo-se o elemento principal da música. É a seqüência de sons que você vai cantar ou tocar. Pra você entender melhor, vamos pegar um exemplo, o hino nacional brasileiro. A melodia é a forma que você canta, cada música tem uma melodia diferente. Você não canta o hino nacional da mesma forma que a música “Garota de Ipanema”. Isso é a melodia.

Ritmo é o que age em função da duração do som. É a definição de quanto tempo cada parte da melodia continuará à tona. Você já percebeu que na parte “(...) margens plácidas”, o “plá” demora mais que o “cidas”? Isso é o ritmo da música.

Harmonia é a combinação dos sons ouvidos simultaneamente, é o agrupamento agradável de sons. No nosso exemplo, você poderia muito bem tocar a música apenas com uma nota de cada vez, porém ficaria sem graça. Por isso, quanto mais notas musicais você tocar simultaneamente (acordes) de forma agradável, harmoniosa, melhor será a música.

Os sons que habitualmente utilizamos nas músicas são chamados de notas musicais, cada uma é representada por uma letra:
Dó (C), Ré (D), Mi (E), Fá (F), Sol (G), Lá (A) e Si (B).
Ainda há outros símbolos de alterações das notas: o sustenido (#) e o bemol (b).

Cada uma dessas notas possui uma altura diferente, sendo graves (freqüência menor, mais "grossa", como a voz masculina) ou agudos (freqüência maior, mais "fina", como a voz feminina). A organização dessas alturas é chamada de escala musical.

A combinação diversificada dos elementos melodia, ritmo e harmonia dão origem ao que chamamos de estilos musicais. Os estilos musicais são muitos, porém podemos citar os mais comuns: rock, pop, rap, funk, tecno, samba, country, jazz, blues, etc. Contudo, os estilos são tão variados, que novas combinações surgem a todo tempo. Da derivação do rock, por exemplo, surgiram diversas derivações como o poprock, punkrock, emocore, heavy metal, hard rock, rock alternativo, indie-rock e muitas outras.
   
Fonte : Brasil escola

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Fabula


   A fabula nasceu no oriente e foi reinventada no Ocidente pelo escravo grego Esopo, que criava historias baseadas em animais para mostrar como agir com sabedoria. Suas fabulas, mais tarde, foram reescritas em versos, com um acentuado tom satírico, pelo escravo romano Fedro. Contudo, o grande responsável pela divulgação e reconhecimento da fabula no Ocidente moderno foi o francês Jean de La Fontaine, um poeta que conhecia muito bem a arte e as manifestações da cultura popular.
Motivado pela natureza simbólica das Fabulas, La Fontaine criava suas historias com um único objetivo: tornar os animais o principal agente da educação dos homens. Para isso os animais são colocados em uma situação humana exemplar, tornando-se uma espécie de símbolo. Por exemplo: a formiga representa o trabalho, o leão simboliza a força: a raposa, a astúcia; e o lobo, o poder despótico; e assim por diante. (...)


(Irene A. Machado. Literatura e redação – os gêneros literários e a tradição oral. São Paulo: Scipione, 1994. p. 57)
Português linguagen volume 1, ensino médio/ Willian Roberto Cereja / Thereza Cochar Magalhaes

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sábado, 4 de dezembro de 2010

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 FUNGOS




A IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS


    
     Nem bichos, nem vegetais, os fungos são tão esquisitos que formam um reino à parte na natureza. Versáteis, entram tanto na fabricação de queijos quanto no controle de qualidade de produtos industriais.
    Eles mofam pães, estragam sapatos e tingem paredes com manchas verdes. Ao mesmo tempo fontes de remédios — sobretudo antibióticos — e provocadores de doenças, também são mundialmente consumidos na forma de pratos nobres, como as raríssimas e caras trufas e o champignon. Pioneiros entre as formas de vida na Terra, são tão diversos entre si e diferentes de todos os outros seres do planeta que, depois de muita controvérsia sobre sua classificação, acabaram considerados um reino à parte na natureza. Os fungos, essas esquisitas criaturas que crescem tanto em organismos vivos como nos mortos, começam a ser cobiçados para ajudar empresas brasileiras no controle de qualidade de produtos industrializados.
    De inconvenientes, os bolores e mofos tornaram-se mais um instrumento dos cientistas nas pesquisas com medicamentos, desinfetantes, inseticidas e, mais recentemente, anticorrosivos e simplificadores dos mecanismos de produção de álcool. Isso fez crescer o interesse de várias indústrias pelos fungos, fato que está causando furor nas micotecas, os laboratórios que os criam; armazenam e distribuem, classificando-os segundo sua origem e características peculiares. À medida que cresce a procura, aumenta a quantidade de tipos explorados. "Na busca desenfreada para conhecê-los melhor, eles ganharam casa própria e pedigree", compara o biólogo e micologista Mário Gatti, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Com 1 942 tipos diferentes, a micoteca da Fiocruz é a maior coleção brasileira do gênero.Existem no mundo cerca de 300 bancos de fungos. O mais completo deles é o da American Type Culture Collection (ATCC), nos Estados Unidos. Ali estão disponíveis mais de 50 000 micro-organismos diferentes, metade composta de fungos, bactérias e protozoários, que serviram de base para quase todas as coleções conhecidas. Acostumada a fornecer amostras para pesquisas universitárias e testes de esterilidade de medicamentos e cosméticos, a "fábrica" de fungos da Fiocruz conquista novos clientes. No ano passado, o número de pedidos de amostras de fungos dobrou em relação ao ano anterior. Mário Gatti, um dos curadores dessa micoteca, associa o crescimento à vigência do Código de Defesa do Consumidor. "As empresas estão mais preocupadas com a garantia da qualidade de seus produtos", acredita.Entre a clientela dos bancos de fungos, os maiores consumidores dos microorganismos comercializados no planeta foram os fabricantes de medicamentos e cosméticos. Empresas como Johnson & Johnson e Glaxo empregam fungos nos testes laboratoriais para controlar a qualidade de seus produtos. O processo implica contaminar propositadamente amostras do que se quer testar com fungos, principalmente o Aspergillus niger, encontrado em abundância na natureza. São feitas então análises periódicas para constatar se a população de fungos aumentou ou diminuiu.
    Se diminuiu até não sobrar quase nenhum, significa que o conservante daquele produto é eficiente. "Nossos produtos nas prateleiras precisam manter a mesma capacidade de preservação do produto recém-fabricado'', avalia Lenir Garcia, gerente de microbiologia da Johnson & Johnson.
Na busca de seu principal alimento, o carbono, alguns fungos são odiados porque degradam materiais largamente utilizados pela indústria, como plásticos e metais. Para saber se seus produtos vão durar além das portas da fábrica, os responsáveis pelo controle de qualidade das empresas colocam-nos em contato com os fungos existentes lá fora. É isso que faz há cinco anos o Instituto Militar de Materiais Bélicos (Imbel) para medir a resistência à corrosão dos componentes de seus apareIhos radiotransmissores e detonadores de explosivos. Ulysses D'Elia, o biólogo responsável por este trabalho, coloca as peças a serem examinadas junto com uma batata comum numa câmara lacrada, onde também é introduzido um pool de fungos especialmente selecionados. "Em terra, no mar ou no ar, os equipamentos têm de agüentar as mais variadas intempéries, possíveis de acontecer em qualquer região do Brasil", conta D'Elia. Dentro da câmara, são simuladas durante 28 dias todas as condições ambientais a que os aparelhos estarão submetidos. “A batata funciona como um termômetro, que mostra se os microorganismos estão sendo ativos. Em caso positivo, os fungos tomarão toda a batata", explica D'Elia. Experiências semelhantes também são realizadas pelo Instituto de Pesquisas da Marinha, em testes de resistência à corrosão dos equipamentos de navios e submarinos.Enquanto a capacidade deteriorativa dos fungos é problema para alguns, outros têm nesta característica um grande aliado. É o caso da produção de álcool combustível. que pode se tornar muito mais simples se nela forem aplicados alguns estudos realizados pelos cientistas do Instituto de Química da Universidade de São Paulo. Liderada pelo bioquímico egípcio Hamza El-Dorry, esta equipe se utiliza do fungo Trichoderma reesei, descoberto durante a Segunda Guerra Mundial, para degradar celulose (a matéria-prima do papel) até a obtenção de glicose, que depois de fermentada se transforma em álcool. Na década de 40, esse fungo foi estudado em caráter de urgência por laboratórios americanos, pois desintegrava em poucos dias o tecido das barracas de campanha do Exército, armadas em campo de batalha.Os pesquisadores da USP já isolaram o gene do fungo que determina suas características glutonas. Agora, os esforços se concentram em conhecer como ele produz a enzima que degrada a celulose para inserir esse gene na levedura convencionalmente utilizada para transformar a glicose em álcool. "Estamos criando um processo único e integrado, que permite a obtenção de álcool até do bagaço da cana-de-açúcar, de madeiras e papéis jogados no lixo", preconiza El-Dorry. As leveduras também são empregadas na fabricação de cereja, vinhos e fermento para pães e bolos. Alguns fungos são ainda a peça fundamental de queijos finos.
    Dizer que um queijo está embolorado não significa necessariamente que ele esteja estragado. Pelo contrário: o sabor dos queijos roquefort, gorgonzola e camembert dependem do trabalho dos fungos. No dois primeiros tipos, o gosto picante e o forte aroma somente são obtidos por meio da perfuração de suas massas já prontas, onde são introduzidos bolores que ali se desenvolvem com a presença de ar.
    Os queijos camembert passam por um banho de imersão numa solução de mofo para chegarem à textura cremosa característica. Crescendo de fora para dentro de cada queijo, os fungos formam na parte externa aquela fina superfície dura e branca. Tanto as manchas verdes como as películas brancas são muito diferentes do bolor de um queijo estragado. Os bolores, como o Penicillium citrino, secretam substâncias potencialmente tóxicas, como a citrinina, que atacam células do fígado.Antes que cheguem à mesa, vários alimentos podem tomar contato com fungos ainda na lavoura. Em Brasília, o Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) está elaborando um catálogo com mais de 300 fungos isolados para pesquisas na área de controle biológico de lavouras, ou inseticidas biológicos. Marcos Rodrigues de Faria, um dos engenheiros agrônomos envolvidos no projeto, explica como são feitos os testes para criação dos bioinseticidas: "Pega-se às larvas do inseto contra o qual se quer combater. Elas são mergulhadas em uma suspensão líquida contaminada com algum fungo, geralmente Beauveria bassiana ou Metarhizium amisopliae. Se ele for capaz de matar a larva, será utilizado como inseticida".Aproveitar todo o potencial dos fungos não foi um caminho fácil de ser percorrido pelos estudiosos. Pesquisados em várias frentes desde o final dos anos 20, quando chegaram a público as descobertas do bacteriologista Alexander Fleming, só na década de 60 se chegou a um acordo sobre a identidade desses organismos. "Fungo não é vegetal nem animal, apesar de ter características de plantas e de animais", afirma Pedrina Cunha Oliveira, farmacêutica e bioquímica que estuda esses seres desde 1964. Responsável pelo departamento de micologia da Fiocruz, ela ensina que "o fungo é considerado animal porque seu alimento de reserva é o glicogênio, e não o amido, como em todas as plantas". Mas também era considerado planta pela sua própria morfologia: "Se olhado num microscópio, o fungo parece uma flor. Mesmo assim, eles não produzem cloroplastos, portanto não fazem fotossíntese".
    Esta diferença em relação aos outros seres é que levou à criação do reino Fungi, um dos cinco reinos da natureza. Os outros quatros são o Animalia, dos animais; Planta e, dos vegetais; Monera, de organismos unicelulares como as bactérias; e Protista, dos organismos unicelulares como os protozoários. Saber com exatidão quais são esses seres que jogam ora contra, ora a favor do homem foi só o começo: "A história dos fungos é linda e foi pouco estudada", diz Pedrina. "Seu potencial encontra se em aberto."

Antibiótico por acaso
    Enquanto alguns fungos provocam espirros, outros salvam vidas. Prova dessa benevolência dos membros do reino Fungi é a descoberta que o bacteriologista Alexander Fleming (1881-1955) fez em 1928. Ele trabalhava num laboratório em Paris, na França, quando descobriu um ser alienígena desenvolvendo-se no meio das bactérias Staphylococcus com as quais realizava pesquisas. Em vez de ficar irado com o intruso, Fleming decidiu estudá-lo e o identificou como sendo esporos do fungo Penicillium notaram que estavam “acidentalmente" inibindo o desenvolvimento das bactérias. Ele acabava de descobrir a penicilina, o primeiro de uma série de antibióticos que revolucionaram a Medicina.


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Uma levedura geneticamente modificada, mas não transgênica (pois os seus próprios genes é que foram alterados), promete reduzir em até 50% os custos da produção de álcool no Brasil. O projeto, desenvolvido por pesquisadores da Unicamp, faz com que esses organismos fermentadores ajam de maneira "inteligente" e parem de funcionar automaticamente, o que otimiza a produção.
A levedura, tipo de fungo de uma célula só, é utilizada em larga escala na indústria sucroalcooleira. Ela realiza, por meio de processos bioquímicos, a transformação do açúcar em álcool comum (etanol), num processo conhecido como fermentação.
O manejo desses organismos na produção é um velho problema da indústria, já que os métodos hoje existentes de remoção desses fungos da dorna (recipiente onde é realizada a fermentação) são problemáticos: pode-se esperar a decantação natural das leveduras, mas, como isso leva horas, essa permanência excessiva acaba gerando substâncias indesejadas, como os aldeídos, que dão a conhecida dor de cabeça em quem bebe cachaça de má qualidade.
O uso de centrífugas para acelerar o processo, também bastante utilizado, pode acabar rompendo as células dos fungos, liberando substâncias tóxicas na mistura.
Para resolver esse problema, a equipe do geneticista Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, 39, do Instituto de Biologia da Unicamp, desenvolveu leveduras geneticamente modificadas, que percebem quando o açúcar acaba na mistura da dorna e decantam rapidamente. Assim, enquanto há matéria-prima, o organismo trabalha para gerar álcool. Quando ela acaba, o fungo automaticamente fica inativo.
"Isso traz uma redução de custo e de complexidade para o processo de fabricação de álcool. Quando nosso método estiver plenamente adaptado para a indústria, esperamos uma redução de custo entre 40% e 50%", diz Pereira.

                                                 


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FADA E DUENDE.

   Termos comumente em­pregados para designar seres fantásticos, so­brenaturais, do sexo feminino e masculino, res­pectivamente. Fadas e duendes fazem parte do acervo cultural de todos os povos, para os quais sempre influíam, magicamente, nos aconteci­mentos humanos. Sua presença foi primitiva­mente dada como ocorrente nos bosques, nas encruzilhadas, nas fontes e nas margens das florestas, denunciando esse fato a sua proce­dência pagã. De fato, na mitologia greco-romana são encontrados seres correspondentes, como as náiades e os faunos, habitantes de fontes e mares.
Alais tarde, já na Idade Média e épocas posteriores, esses seres fantásticos se apre­sentavam, principalmente na Europa, mais ou menos cristianizados, daí ter mais relevo a sua ação benéfica ou maléfica, e a sua invocação para uma possível proteção. Os termos apare­cem então nos escritores, quer em simples cita­ções, quer em invocações.
As fadas e duendes tomam, assim, em seu aspecto exterior, -nuanças dos vestuários de santos e anjos. São pintados sempre como seres de feições bondosas. Por vezes aparecem
expressão "mãos de fada" teve origem nesse fato. Tam­bém o uso freqüente do termo no plural, se deve à tradição de que as fadas só andavam em grupo de três. Eram também conhecidas como dominae fatales, "senhoras fatais".
Várias outras crenças se originaram da ação das fadas e duendes. Muitos acreditavam que, ao nascer uma criança, as fadas tivessem papel preponderante na determinação de seu destino. Daí o vocábulo latino fata, plural defatum (des­tino) ser a referência etimológica. Na arte dra­mática, o termo feérico (do francês fêerie, de fêe, fada) teve origem na crença da ação das fadas e duendes nas cenas dos grandes espetáculos, antigamente representados pelos feitos destes seres fantásticos, tais como feiticeiras, mágicos, fadas, duendes, gnomos, silfos. Neste caso, o movimento cênico aparece como algo de fantástico e irreal.

Enc. Delta 


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LITERATURA

F.  Littérature   I.  Literature 
   A palavra "literatura" pro­vém do latim litterae, que significava "belas-letras". A literatura não existia antes de se conhecer a escrita, mas nem tudo que está escrito é literatura. Um texto escrito só pode ser qualificado de literário"1 se o autor se dirige ao espírito, à sensibilidade, à imaginação de seus leito­res. O escritor maneja os vocábulos com tanto cuidado quanto o pintor os seus pincéis.
A literatura adota múltiplas formas: narrativas ern prosa, poemas, peças de teatro, ensaios, obras históricas, filosófi­cas, biografias, romances, descrições. Certas narrativas são breves, outras bas­tante longas para encher livros inteiros. Em geral, as longas histórias são roman­ces. O tamanho dos poemas também va­ria; alguns, muito longos, celebram a gló­ria de grandes homens ou feitos heróicos: são os poemas épicos. As peças de teatro podem ser trágicas ou cómicas. Uma farsa c uma comedia muito leve e engra­çada.
Todo país civilizado tem a sua litera­tura. Quando se estudam línguas estran­geiras, é em parte para poder ler no texto original a literatura de outros países.
Antes da invenção da imprensa, a boa literatura só estava ao alcance de um público muito restrito. No presente, to­dos os que sabem ler podem conhecê-la.
Na literatura, os gostos mudam às vezes de uma época a outra; os contempo­râneos de um autor não o apreciam unani­memente. Por outro lado, o autor nem sempre consegue transmitir aquilo que de­sejaria. Mas a boa literatura resiste à pro­va do tempo. As obras antigas que ainda são lidas com prazer denominam-se ''clássicas".
Algumas obras literárias são tão notá­veis que os homens ainda as lêem com prazer centenas ou mesmo milhares de anos após a sua criação. A Ilíada c a Odis­seia datam da época dos antigos gregos. Tal é, também, o caso de certas fábulas de Esopo. Shakespeare, um dos maiores dramaturgos de todos os tempos, viveu no século XVI e começo do século XVII; entre os escritores franceses clássicos, po­demos citar Molière, Racine e Corneille. Entre as obras-primas do passado, muitas tomaram, com o tempo, uma signi­ficação diferente daquela que o autor lhes havia dado. Muitos livros adaptados para a juventude eram, inicialmente, destinados aos adultos: os contos, por exemplo, ou, num género diferente, As Viagens de Gulliver, que Jonathan Swift criara como uma sátira política.


LITERATURA BRASILEIRA
Nossa li­teratura teve início com as narrativas sobre a descoberta do Brasil, logo seguidas dos relatos dos catequistas religiosos que para cá vieram. Os primeiros documentos de que há notícia são a famosa carta de Pêro Vaz de Caminha e, em 1531, o Diário de Pêro Lopes de Sousa. Ainda no século XVI, ocupam-se da terra brasileira, e de gente que aqui vivia, Gândavo, Fernão Cardirn, Gabriel Soares de Souza e Am-brósio Fernandes Brandão, de quem se admite a autoria dos Diálogos das Grande­zas do Brasil. Entre os jesuítas, sobressai a figura do Padre José de Anchieta. Já no século XVII desponta o sentimento nati-vista e, com este. ganha alento a nossa autentica literatura. Frei Vicente de Sal­vador (Vicente Rodrigues Palha), baiano, escreveu a sua História da Custódia do Brasil, impressa em Portugal; outro baiano, Gregório de Matos, a mais forte personalidade literária da época, com sua poesia satírica escandaliza e intimida os poderosos. No século XVIII, amadurece o movimento nativista e surgem as acade­mias literárias: a dos Esquecidos, a dos Renascidos, a dos Felizes e, por fim. a Sociedade Literária, fundada em 1786 por Silva  Alvarenga.   Destacam-se  Rocha Pita, Cláudio Manuel da Costa, José Gama, Santa Rita Durão. Alvarenga Pei­xoto e Silva Alvarenga. Na primeira me­tade do século XIX surge o Romantismo, impulsionado pelo entusiasmo de Gonçal­ves de Magalhães. Os poetas líricos estão no apogeu.
Já no fim do século ganha corpo o movimento parnasiano, que aspira às cul-minâncias da beleza na forma do verso. Na ficção, o naturalismo atrai adeptos. Há uma tendência geral de renovação, que vemgeraroneoparnasianismo, o realismo, o simboiismo e, por fim, já no século XX. o modernismo, que aparece em São Paulo e se estende ao Rio, causando escândalo e fortes críticas, entre 1922 e 1925. Vem a reação contra essa corrente e, de 1928 a 1940, surgeopós-modernismo, a literatura que procura transmitir uma mensagem, antes de tudo. Na poesia, depois da ÍI Grande Guerra, aparece o concretismo, mas não logra despertar mais do que sim­ples curiosidade. A tendência geral busca a
simplicidade da forma, a musicalidade dos versos, a linguagem acessível, embora al­guns poetas ainda cultivem temas herméti­cos — de compreensão difícil ou mesmo impossível ao leitor. No romance, no conto, na novela, no teatro, predominam os temas sociais e políticos, assim como os de fundo psicológico. Memórias, biogra­fias, ensaios, temas económicos e de polí­tica internacional ganham leitores a cada dia.
Entre os parnasianos e realistas, deve-se ressaltar Machado de Assis, Olavo Bilac, Vicente de Carvalho, Coelho Neto. Os símbolistas são representados por Cruz e Souza, e Alphonsus de Guima­rães. O regionalismo brasileiro, após a Semana da Arte Moderna (1922), trouxe grandes obras e autores, como Graciliano Ramos, José Américo de Almeida, Jorge Amado, José Lins do Rego, Guimarães Rosae, de certo modo, Mário de Andrade. Modernistas mesmo, além do citado Má­rio, há que referir Oswald de Andrade, Marques Rebelo, Augusto Meyer. Con­temporâneos ou quase, citemos Clarice Líspector, Cecília Meireles, Augusto Frederico Schmidt, Afonso Schmidt, Dionélio Machado. Quanto aos mais re­centes, além de Carlos Drummond de An­drade, há, entre outros, João Cabral de Melo Neto, Tiago de Melo, Ferreira Gul-lar, António Callado, Afonso Romano de SanfAna, João Ubaldo Ribeiro, Rubem Fonseca, Nélida Pinon.


LITERATURA INFANTIL NO BRASIL


   Até 1893, só existia, no Brasil, a literatura infantil oral. Em 1894, surgiu, no Rio, edi­tado pela Livraria Quaresma, um livro do jornalista e poeta fluminense António Figueiredo Pimentel (1869-1914) intitulado Contos da Carochinha.
Por ser obra inicial, de um género inexplorado, alcançou o livro êxito invul­gar no limitado comércio de nossas livra­rias.
Crianças, adolescentes e adultos leram os Contos da Carochinha, muitos dos quais, levados pela corrente da litera­tura oral, já eram conhecidos em todos os recantos do Brasil.
Aos Contos da Carochinha se­guiram-se outras obras do mesmo género: Histórias da Baratinha. Os Meus Brinque­dos, Álbum das Crianças, Histórias da Avozinha, Teatro Infantil. Todos eram editados pela mesma Livraria Quaresma e do mesmo autor F. Pimentel.
Estava, assim, iniciada no Brasil a li­teratura infantil escrita.
E já nesse tempo, isto é, em 1905, fun­dada pelo jornalista mineiro Luís Barto-lomeu de Sousa e Silva, aparece a primeira revista infantil brasileira: O Tico-Tico.
Por ser muito viva e interessante, essa revista divulgou-se por todas as cidades, e tornou-se tão querida e popular, que o seu nome passou a designar coisa infantil: es­cola de tíco-tico, história do tico-tico etc.
Heróis e personagens das histórias de O Tico-Tico viviam na imaginação das crianças: Chiquinho, Jagunço, Zé Macaco etc.
O Tico-Tico resistiu durante mais de meio século, sempre ao gosto da crian­çada.
Já nos primeiros lustros deste século havia dois livros que atraíam muito a atenção dos jovens brasileiros: Viagens de Gulliver, de Swift, com prefácio de Rui Bar­bosa, e Robinson Cntsoé, de Daniel Defoe, prefaciado por Carlos de Laet. Magní­ficas edições, feitas em Portugal, com es­tampas coloridas.
Surgem, a seguir, os livros da Con­dessa de Ségur (para meninas): Os Desas­tres de Sofia, Meninas Exemplares, João Que Ri, João Que Chora etc; tiveram boa aceitação nos colégios religiosos.
Juntamente com as obras dessa escri­tora eram vendidos os livros da Coleção Júlio Verne, editados pela Livraria Fran­cisco Alves.
Merece referência especial o livro Co­ração, do italiano Edmundo de Amicis. Em primorosa tradução de João Ribeiro, obteve esse livro grande aceitação nos meios literários. A primeira edição, no que se refere à parte material, era péssima. Mesmo assim, foi adotado como livro de leitura, até no Colégio Militar.
A literaturainfantil, no Brasil, atraiu a atenção de poetas e escritores notáveis.
Olavo Bilac traduziu, em versos, as Travessuras de Jucá e Chie, e, em colabo­ração com Coelho Neto, escreveu Contos Pátrios.
Viriato Correia e João do Rio publi­caram Era Uma Vez..., título que, mais tarde, foi adotado por Vicente Guimarães para uma revista infantil.
Olegário Mariano escreveu Tangará Conta Histórias.
A apreciada romancista Júlia Lopes de Almeida ofereceu às crianças brasilei­ras um livro: Contos Infantis.
A partir de 1930, a literatura infantil, no Brasil, recebeu impulso. Centenas de obras de indiscutível valor vieram enri­quecê-la.
Dentre os autores que têm dado con­tribuição a esse género de literatura, não devemos esquecer: Ofélia e Narbal Fon­tes, Rita Amil de Rialva, Ariosto Espi­nheira, Gondim, da Fonseca, Vicente Guimarães, Guilherme de Almeida, Me-notti dei Picchia, Hernani Donato, Renato


Sêneca Fleury, Lourenço Filho. Fran­cisco Marins, Érico Veríssimo, Nina Salvi, Virgínia Lefèvre, Lúcia Machado de Almeida, Francisco Acquarone, Tales de Andrade, Monteiro Lobato e muitos outros.
Na década de 1980, multiplicaram-se as edições de obras para o público infan­til, sobressaindo as de Orígenes Lessa, Ana Maria Machado, Ziraldo, Mário Quintana, Ruth Rocha, Fernanda Lopes de Almeida, Sílvia Orthof, Edi Lima, João Carlos Marinho, Stella Carr.
Já podemos assinalar, no Brasil, mui­tas e excelentes coleções de livros espe­cialmente destinados a crianças e adoles­centes.



Enc. Delta 


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LENDAS E MITOS


Antes dos tempos modernos, os ho­mens em várias partes do mundo criavam lendas para explicar o mundo tal qual o viam. Algumas dessas lendas contavam por que mudam as estações do ano, por que há aves migradoras, por que certo grupo de estrelas se encontra no céu etc. Tais histórias são também conhecidas como mitos.
Algumas lendas dos índios brasi­leiros são ligadas a fatos da natureza. Uma delas é a da Vitória-Régia, a bela planta aquática que enfeita as águas da Amazónia. Conta que uma formosa ín­dia, chamada Naia, apaixonou-se pela Lua. Mas, por mais que corresse atrás dela, jamais conseguia alcançá-la. Uma noite, andando pela mata ao clarão do luar, viu numa lagoa o reflexo da Lua, e, pensando poder tocá-la, atirou-se à água, onde afundou. Nunca mais foi vista. Mas o deus Tupã, por pena dela, transfor­mou-a na planta, que floresce em todas as luas. A flor, porém, só se abre à noite, para abraçar com suas pétalas a Lua.
Com relação aos animais, sao muito numerosas as lendas de nossos índios. O jabuti aparece nelas como astucioso, bem-humorado e amigo de discussão. O ma­caco, ágil e esperto, vence sempre pela rapidez com que toma a melhor decisão. O uirapuru é um pássaro de canto tão bonito que, dizem, quando canta, todos os outros da mata acorrem para ouvi-lo. Corre a lenda que traz sorte tê-lo em casa, nem que seja empalhado. Do boto, mamífero aquático da Amazónia, existe a lenda de que de noite se converte num lindo rapaz que vai aos bailes namorar as moças, voltando, de manhã, ao rio.
Alguns mitos referem-se a deuses e deusas, e têm estreita relação com as re­ligiões dos povos em que se originaram.
Se os romanos se contentaram, em geral, com a naturalização e o rebatismo dos deuses gregos, existe na Europa uma mitologia perfeitamente original, a dos germanos e escandinavos. Seu deus su­premo, herói de numerosos poemas e epopeias, chama-se ora Wotan, ora Odin. A esposa de Odin é Frigg ou Frigga, e o filho do casal é Balder, príncipe da luz.
Essas religiões e mitos são relativa­mente fáceis de conhecer, porque temos múltiplos textos que deles nos falam. O mesmo não sucede com as civilizações muito 
antigas, cujos testemunhos escritos são raros ou difíceis de compreender e in­terpretar.
Os egípcios, por exemplo, venera­vam muitos deuses amiúde representados com corpo de homem e cabeça de ani­mal. No entanto, não existiram uma civi­lização egípcia e uma religião egípcia, mas sim várias civilizações diferentes, correspondendo a épocas diversas e regi­ões diferentes. Se as obras de arte do Egito antigo revelaram ísis, a mãe dos deuses, ou Rá, o deus supremo, restam ainda muitos domínios incógnitos, sobre os quais os especialistas continuam a in­vestigar. Quanto ao panteão babilónio, salvo o conhecimento de alguns sábios, permanece quase totalmente ignorado; sabemos que o deus supremo era vene­rado sob o nome de Marduc, que a deusa Istar ou Astarté corresponde à Vénus romana e à Afrodite grega, mas, via de regra, nossa ciência não vai além.
Serão necessárias muitas pesquisas antes que sejam resolvidas todas as questões suscitadas por esses estudos.

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A Panela de mingau

Uma mulher, muito pobre, tinha um filhinho que ainda amamentava. Um dia, por causa de muita fraqueza, ficou sem leite para dar ao bebê.
Mesmo doente e fraca, a mulher foi à flores­ta para conseguir algumas frutas. Andando pela mata entre as árvores, viu de repente uma velhinha que lhe perguntou o que procurava. Contan­do sua história, recebeu das mãos dela uma pane­linha e, admirada, ouviu-a dizer:
- Coloque esta panela no fogo e diga: paneli­nha faça mingau. - Ela o fará. - O mingau é um alimento que o mundo ainda não conhece, mas dará saúde a você e a seu bebê. - Quando quiser que pare de fazer mingau, basta ordenar.
Levando a panelinha para casa, nunca mais faltou alimento para ela e seu bebê.
Um dia, uma menina pediu à mulher um pouco de comida, pois estava com muita fome. A mulher negou, dizendo que não tinha, e a pobre­zinha foi-se embora.
Com espanto, a mulher começou a ver a pa­nela fazer mingau sem parar, mesmo sem ter re­cebido ordem. O mingau aumentou, inundou a ca­sa e começou a sair pelas portas e janelas.
O mingau só parou de sair quando a mulher chamou de volta a menina pobre e muitos outros que sentiam fome.
Todos comeram muito e acabaram por co­nhecer o grande valor nutritivo do mingau, prin­cipalmente para as crianças.
2.
A Lira de Prata

Um comerciante, que trabalhava com produ­tos estrangeiros, viajava para vários países. Co­nhecia muito bem quase todos os lugares do mundo, assim como o dinheiro de cada nação. Em cada país em que chegava, trocava as suas moedas pelo dinheiro do lugar.
Em todas as trocas que fez, uma lira de prata, moeda italiana, nunca foi trocada. Por achar muito estranho este fato, o comerciante resolveu guardá-la como talismã.
Chegando a um país onde ficaria por algu­mas semanas, deu uma esmola a um pedinte.
O homem, conferindo em casa o dinheiro ganho durante o dia, notou aquela moeda estran­geira entre as outras.
Para passá-la na primeira compra que fizesse, colocou-a em vinagre, deixando-a esverdeada pa­ra se parecer com uma de seu país.
O comerciante, conferindo o dinheiro, notou a falta da lira, achando que, perdendo a moeda, havia perdido a sorte.
No dia seguinte, logo cedo, comprou um bi­lhete de loteria para fazer um teste. Pagou o bi­lhete e recebeu de troco algumas moedas. Reco­nhecendo entre elas a sua lira, ficou muito feliz. Não bastando essa alegria, também o bilhete foi premiado.
Muito rico e feliz, o comerciante voltou paia o seu país, limpou a lira de prata e colocou-a em um estojo de cristal como recordação.

3.
 O Sonho de Frederico

Como chovia, Frederico ouvia o barulho da chuva, mesmo dormindo.
Abriu a janela e a água já estava tocando o peitoril. Havia um verdadeiro lago em frente à casa, e nele estava um belo barco.
No mesmo instante, Frederico trajando sua roupa de domingo, estava a bordo do navio.
A chuva havia cessado e o tempo estava claro.
Navegavam rua abaixo, passando pela igreja e já estavam flutuando pelo mar imenso.
De repente, no convés do navio, apareceu uma cegonha. O grumete a apanhou, levando-a pa­ra o galinheiro.
Lá, além das galinhas, viviam patos e perus na maior confusão.

-    Mas olhem que sujeito esquisito! - disseram
as galinhas. - Já se viu ave mais estúpida?

-    Sim, na verdade é muito estúpida, concordou o peru e começou a zombar da pobre cegonha.
e todos os outros caíram na gargalhada.
Nisso, Frederico foi ao galinheiro, abriu a portinhola e chamou a cegonha que, imediata­mente, saltou para o convés, junto dele.
A cegonha, muito feliz, distendeu as asas e alçou vôo. Voou para os países quentes enquanto os que zombaram dela ficaram morrendo de inveja.

-   Amanhã, vamos fazer uma sopa de todos
vocês, gritou Frederico.
Nesse momento, acordou e viu que estava em sua cama, ficando feliz por ter ajudado a cegonha.

4.

Quem tudo quer...

Morava numa floresta um casal com quatro fi­lhos: três meninos e uma menina. O pai era carvo­eiro. Certa vez, durante um forte temporal, bateu à porta da cabana do carvoeiro uma pessoa que o carvoeiro, espiando pela pequena janela, não conse­guia ver direito quem era. Com receio, abriu a por­ta. Era um velho que pediu abrigo. Mandando-o entrar, o velho foi logo perto do fogo para se aquecer e enxugar a roupa. Enquanto isso, contou algumas histórias para a família. Como chovia mui­to, o velho pernoitou na choupana do carvoeiro.

-  Existe um tesouro em uma das cavernas desta
floresta. - Se quiserem, eu levo vocês até lá, em si­
nal de gratidão - disse o velho no dia seguinte.
O carvoeiro ficou meio "louco".

-  Mas - disse o velho - vocês só podem pegar
do tesouro um pouco de cada vez.
Lá chegando, viram enorme quantidade de ou­ro no fundo da caverna e começaram logo a encher uma sacola, esquecendo-se do aviso que o velho lhes havia dado. Então, veio o castigo: foram trans­formados em árvores secas e retorcidas.
A menina que ficara em casa, sentiu falta da fa­mília. Como nenhum deles voltava, ia todos os dias à floresta. Descobrindo a caverna, pegava cada dia uma barrinha de ouro que, aos poucos, iam se empilhando sobre uma mesa. Um dia, chegou à caba­na uma fada que recolheu as lágrimas da menina que chorava muito e regou as árvores mais secas. Assim, o encanto acabou e eles se tornaram ricos
com o ouro que a menina havia acumulado.
5.

 A historia que a velha Joana contou

Na aldeia, o vento murmurava na copa do velho salgueiro. Parecia que o vento cantava uma velha cantiga.
-  Se não a entenderes, pergunta à velha Joana.
Quando Joana era ainda uma menina, o al­faiate da aldeia contraiu uma doença e nenhum médico podia aliviar seu mal.

-  Não se deve perder a coragem, dizia a sua
esposa e, além disso, nosso filho Hanz já é capaz
de lidar com a agulha.
Hanz trabalhava na alfaiataria e, nas horas de folga, passeava com Joana.
A menina era muito pobre e nada bonita.
Um ano depois, seguia o rapaz para seu está­gio de aprendizagem, e Joana chorou, pois ficaria distante do amigo.
Na primavera, Hanz regressou ao lar e torna­ra-se um rapaz bonito e esbelto.
Ao chegar à cidade, ele casou-se com Elza, filha de um rico comerciante do lugar.
Joana foi servir na casa deles como criada. O tempo passou e Hanz tornara-se um homem ve­lho e doente, até que a própria família o expulsou de casa.
Joana o encontrou e cuidou dele até a morte.
O tempo passou e tudo envelheceu.
O vento murmurava uma cantiga na velha árvore à beira da estrada. A cantiga que cantava era nada mais que a estória da velha Joana.

6.

A pena e o tinteiro

gabinete de um poeta, o tinteiro dizia:

-   É quase inacreditável, mas não sei qual será
a obra que vai sair quando o homem se põe a me
sugar. Uma gota que tira de dentro de mim, basta
para encher meia página de papel.
A pena comentou:

-   Você dá a matéria líquida para que eu possa
manifestar o que reside em mim, pois quem escreve
sou eu.
O tinteiro disse:

-    Você tem muita experiência,  pois mal  faz
uma semana que está servindo e já se desgastou até
a metade.
À tardinha, voltou o poeta. Assistira a um concerto e ouvira um excelente violinista. Pensava na dificuldade de tocar assim. Era como se o arco dançasse pelas cordas, produzindo um mavioso som.
O poeta escreveu:

-  Que coisa estranha o violino e o arco se van­
gloriarem de suas façanhas, esquecendo que de­
pendem das mãos de um artista, assim como nós,
os homens, nos vangloriamos também, esquecendo
que somos instrumentos tocados pelas mãos de Deus.
Então, disse a pena:
-   Ouviu-o ler em voz alta o que eu escrevi?

-   Sim, respondeu o tinteiro, ele leu o que eu
lhe dei para que escrevesse.
-   Pote de tinta... disse a pena.
-   Vareta de escrever... disse o tinteiro.
Cada um ficou com a certeza de ter respondido


7.

Era uma vez
um príncipe tão malvado, que sentia prazer em invadir cidades, destruindo pes­soas e suas casas, saqueando-lhes os bens.
Comandava seu exército, transformando seus soldados em um bando de vândalos e saqueado­res, ordenando-lhes que guardassem no castelo tudo o que roubassem. Sua malvadeza, suas vitó­rias e seu orgulho o levaram a imaginar-se inven­cível para sempre.
Por isso, mandou fazer sua estátua e colocá-la nas cidades que destruía. Também na igreja de sua cidade, mandou colocar uma.
O padre não aceitou aquela imposição e disse:
- Você não é mais que Deus, pois ele se so­brepôs a todas as forças da terra.
Muito indignado, o maldoso príncipe disse que iria ao céu para derrotar a Deus. Mandou construir uma nave com duas asas na frente e duas atrás.
As asas estavam protegidas por longas lâmi­nas que as movimentavam com rapidez para to­dos os lados. Dos dois lados da nave, havia furos que expeliam balas e, no centro da nave, "havia uma cabine de onde seriam acionadas poderosas armas.
O príncipe partiu e, quando se aproximava do céu, uma nuvem de mosquitos in­vadiu a nave, fazendo com que todo o mecanis­mo parasse, exceto as asas. Sem rumo e descendo em país estranho, o príncipe que havia sido pica­do por um mosquito, morreu.

8.

O feito mais extraordinário

Casaria com a princesa o homem que reali­zasse o melhor dos feitos.
Houve uma explosão de coisas extravagantes. Contudo, o júri não demorou a chegar a um acordo quanto ao vencedor: era o artista que fa­bricara um grande relógio de parede.
O relógio, ao bater as horas, exibia quadros vivos. Eram doze espetáculos com figuras que cantavam e falavam.
Quando o relógio deu uma hora, ergueu-se Moisés do cimo de um monte com as tábuas da lei. Às duas horas, surgiu o paraíso com Adão e Eva. As três apareceram os três Reis Magos. Às quatro, mostravam-se as quatro estações. As cin­co apareceram os cinco sentidos: da visão, audi­ção, paladar, olfato e tato. Às seis, apareceu um jogador lançando dados em um dos quais se via um lado com seis pontos. Às sete, os sete dias da semana. Às oito, um coro de monjas cantando.
Nove musas acompanhavam as badaladas das nove horas. Às dez, reapareceu Moisés com as tábuas e os Dez Mandamentos.
Quando o relógio tornou a bater, apareceram onze meninas cantando e dançando. Às doze, apareceu o guarda-noturno entoando uma velha canção: É meia noite e o Salvador nasceu.
A princesa, após a apresentação, disse:
- Tragam o executor desta obra. - Ele será meu marido.
Todos os outros aceitaram a vitória do artista.

9.

 O porquinho-cofre

Eram muitos os brinquedos que estavam no quarto infantil. Porém, separado de todos estava um porquinho de louça que, lá de cima do armá­rio, olhava para os outros com olhares de indife­rença. Afinal, ele tinha uma grande barriga re­cheada de moedas.
Ele dizia que, com o dinheiro que possuía, poderia comprar todas aquelas bugigangas, e era assim que ele chamava todos os outros brinquedos.
Uma boneca, que também era da turma, chamou todos os seus amigos e disse a eles sua ideia de fazer uma pecinha de teatro, que seria parte de uma festa que ela havia planejado. O convite ao convencido porquinho foi feito através de um bilhete, pois eles achavam que, com todo aquele orgulho, ele não aceitaria o convite verbal.
Porém, ele não respondeu ao bilhete. Os brinquedos, então, montaram o teatrinho com o palco virado para o armário, dando ampla visão inclusive ao porquinho.
Para depois da peça, foram programadas brin­cadeiras que se prolongaram por toda a noite. Todos faziam estripulias; o cavalo de balanço, o soldadinho de chumbo, a,bailarina boneca, etc.
Em dado momento, o porquinho começou a rir tanto, que acabou por se esquecer que ele não havia participado da brincadeira.
Todos pararam e olharam para ele.
Então, ele se sentiu envergonhado e pediu des­culpas.

10.


A  pulga e o professor

Um professor e sua pulga amestrada chega­ram a um determinado país, habitado por selvagens.
Quando a pulga apresentou armas e disparou seu canhãozinho, a princesa de apenas oito anos disse:
-  Eu a quero para mim.
A pulga ficou com a princesa que a acomo­dou em seu lindo pescoço.
O professor andava aborrecido e desejando sair dali, mas seria necessário levar também a pulga que era sua obra maravilhosa. Mas isto não seria fácil. Por fim, achou a solução. Foi ter com o rei e disse:

-    Majestade,  dá-me licença para ensinar seu
povo a disparar um canhão que fará tremer a ter­
ra e -as aves mais tenras cairão assadas no solo
com a força da explosão.
-    Pois traga-me o canhão, disse o rei.
Não havia no país canhão algum a não ser o da pulga, que era muito pequeno. O professor disse que fundiria um bem maior se lhe dessem fios de pano de seda, linha, agulha e cabos ou cordas.
Fez um balão e, quando estava pronto, todo estufado, o professor disse:
-  Preciso da pulga para me ajudar a fazê-lo  subir.
Recebendo a pulga das mãos da princesa, gri­tou:
-  Cortem as amarras.
O balão subiu, desaparecendo nas nuvens. E assim, o professor conseguiu fugir com sua pulga.

11.

O Colarinho

 Um colarinho que pertencera a um nobre da corte adquiriu toda a personalidade de seu ex-dono.
Um dia, encontrando-se em uma tina de la­var roupas, junto a um par de meias de mulher, exibia todo o seu ímpeto de conquistador, dizendo a ela:

-   Valha-me, Deus, nunca vi alguém tão esbelta, ­
tão delicada e tão elegante como a senhora.
A meia não respondeu, mas ele insistindo, per­guntou:
-   Onde mora?
A meia era muito tímida; por isso, continuou calada. O galanteador colarinho prosseguiu:
-   Vejo que a senhora, além de útil, é um en­feite.
De repente, o conquistador foi levado a uma mesa para ser passado à ferro, mas como já esta­va muito esfiapado, a passadeira, pegando uma tesoura, cortou-lhe os fiapos. Vendo a tesoura, o colarinho disse com voz macia:
-   A senhora deve ser uma dançarina de pri­meira classe, pois nunca vi alguém tão elegante em minha vida. - Gostaria de me jogar a seus pés.
Irritada, a tesoura cortou-o ao meio e, logo após, ele foi jogado em um saco, onde já havia muitos trapos.
Levado com os trapos a uma máquina de fa­zer papel, ia contando a eles suas conquistas e talvez seja ele este pedaço de papel, impresso com essa estória.

12.

Um par de namorados

Achavam-se lado a lado em uma caixa de brinquedos, um pião e uma bola. Sentindo-se apaixonado pela bola, o pião fez a ela uma pro­posta de casamento:

-    Conhecemo-nos há tanto tempo, que penso
podermos ser muito  felizes se você concordasse
em se casar comigo.
-    O que dizes? - respondeu a bola. - Não vês que sou de marroquim espanhol, um dos mais fi­nos artigos da Europa? - E tu... feito de madeira comum e tão sem graça!
-    Não, não, retrucou o pião, sou feito de ce­dro e esculpido pelo mais famoso burgo-mestre deste país.
A bola disse a ele que toda a vez que saltava mais alto, conversava com um lindo pássaro do qual já era praticamente noiva. Um dia, a bola desapareceu em um desses saltos. O pião, dentro da caixa, vivia muito triste, pensando que ela já tivesse se casado.
Certo dia, o menino lembrou-se dele e o pintou de dourado.
Quando novamente em rodopio veloz, come­çava a se sentir feliz, fazendo rom... rom... Em um desses rodopios, bateu em uma pedra e, sal­tando, caiu dentro da lata de lixo. Via ao seu re­dor talos de couve, folhas murchas, cascas de ovos e também a orgulhosa bola que mais parecia batata murcha. A bola que, por acidente, havia sido jogada fora, virou e disse:
-  Felizmente encontrei categoria.

13.

A roupa do rei

Havia um imperador que não pensava em outra coisa a não ser em roupas novas. Não dava o menor valor aos assuntos do governo e nem mesmo ia ao teatro. Só se preocupava com novos e lindos trajes.
Um dia, dois malandros, dizendo-se tecelões, foram ao castelo oferecer seus serviços.
O imperador, pensando em um lindo traje, ficou mais feliz quando soube que aquela roupa seria diferente, pois só seria vista por pessoas ho­nestas. Às pessoas desonestas se tornaria invisível.
Querendo saber se os integrantes da corte eram honestos, o imperador mandou-os inspecionar a roupa em confecção. Para não deixar transparecer sua desonestidade, cada um que vol­tava dizia ao imperador que a roupa era muito bonita e de fino gosto, mas na verdade não viam coisa alguma, pois nada havia para ver.
Os malandros já haviam conseguido muito dinheiro e recebiam sempre mais para a compra de agulhas, aviamentos e outros aparatos sem nada confeccionar. Dias após, houve um desfile na cidade, e os malandros cuidadosamente fin­giam vestir no imperador a roupa que ele também não via, mas fingia ver.
O desfile foi visto por quase toda a cidade, mas o povo, como era também desonesto, aplau­dia a roupa nova do imperador que, na verdade, andou o tempo todo nu.



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.. .. Música   A música tem acompanhado o homem desde a pré-história, tornando-se um elemento característico do ser humano. É impossível pen...